Pressão pela conquista do título em casa começou
logo no anúncio do Brasil como sede do torneio. Foram quase sete anos de planos
30 de
outubro de 2007. A pressão para que a seleção brasileira fosse campeã em casa
começou antes mesmo da tentativa do hexa na Copa de 2010, na África do Sul.
Assim que o Brasil foi anunciado como sede do Mundial de 2014, os holofotes
foram todos jogados para os pentacampeões. Da confirmação, em Zurique, até o
fim do sonho, com a goleada de 7 a 1 da Alemanha, muita coisa aconteceu. E o
fato é que a obrigação de vencer tornou-se um fardo.
- Todos
nós somos culpados pela derrota e pelo vexame – resumiu Thiago Silva.
Desde o
início, a preocupação era essa: a culpa. O discurso extremamente otimista da
comissão técnica, assumido integralmente pelos jogadores e reverberado na
torcida tomou conta da seleção brasileira. Mas desestabilizou o grupo
emocionalmente. Não houve como controlar o choro nos momentos mais críticos,
não houve como ter calma de parar para organizar. O Brasil venceu partidas na
base da raça e perdeu a classificação à final por conta de uma pane. Também
emocional.
-
Impossível não chorar numa hora dessas. Não tem o que falar. Jogamos mal. Para
o time deles deu tudo certo e perdemos feio – comentou, abalado, Oscar.
Ao longo
de mais de 40 dias de preparação, a seleção brasileira viu o peso da
responsabilidade pelo hexacampeonato crescer quilo a quilo. Felipão, desde o
começo, afirmou, sem dúvida, que o Brasil seria campeão. O coordenador técnico
Carlos Alberto Parreira fez ainda mais: declarou no primeiro dia na Granja
Comary, em Teresópolis, que a Seleção estava com uma mão na taça.
A emoção
de Neymar no hino nacional no empate diante do México, o choro de David Luiz no
gol contra o Chile, o capitão Thiago Silva isolado antes dos pênaltis, as
lágrimas de Julio César antes das cobranças decisivas... A psicóloga da seleção
brasileira, Regina Brandão, avisou que seria preciso uma estrutura sólida para
suportar tanta pressão.
- Esse
grupo é jovem e vai passar por muitas emoções fortes num curto período de
tempo. Vai ser preciso uma segurança interna – disse a psicóloga, no começo da
preparação na Granja Comary, em Teresópolis.
Abatido
e dando adeus a sua história na Copa do Mundo, Julio César resumiu em poucas
palavras, sem conseguir explicação, o sentimento após a eliminação.
- É
porque não tinha que ganhar – declarou o goleiro.
Ainda
resta a decisão do terceiro lugar, no próximo sábado, no estádio Mané
Garrincha, em Brasília, contra o perdedor da semifinal entre Argentina e
Holanda. O sentimento do grupo, representado em David Luiz, é de que não há
consolo.
- A gente
conseguiu trazer esse brilho de novo, trazer essa união novamente da Seleção
com o torcedor. Dói, porque a gente não queria dar isso para eles. A gente
tinha outra coisa em mente – finalizou o camisa 4.